Estudantes timorenses, numa acção que outros repetiram em datas anteriores, invadem e refugiam-se na embaixada holandesa em Jacarta. Dois deles: Abraão, cabelo comprido, magro moreno. Guerrilheiro aos nove anos nas montanhas de Loro Sae. Hélder, cabelo curto, óculos redondos, mais baixo e mais gordo. Comunista crítico de Suharto. Dias mais tarde, um avião da Cruz Vermelha transporta-os para Amesterdão, de onde saem rumo a Portugal. Ingressam na Universidade. Cursos: Sociologia e Administração Pública.
"É preciso ver mais longe", dizia Hélder; "...e cantar, cantar..." acrescentava Abraão, segurando a viola.
Abril, 2006
Abraão passeia de cabelos longos e brancos numa rua anónima, escura. Trabalha no norte da Europa, num aviário. Hélder, passa e não me conhece. Vive nos subúrbios da cidade. É guarda-nocturno de uma fábrica.
Sonhos: Ver mais longe. Cantar.
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