sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Medo

No anos setenta do século passado, trovoava violentamente sobre a Vila. Era no quarto da mãe. O vento rugia. As faíscas iluminavam o mundo em frente da janela cinzenta. Mas tudo eram sombras na ausência dos pais. Por isso choravam, abraçados.

Formas

Formas horizontais no banco, junto ao rio. A terra protege a essência vertical das árvores. A forma é a substância. É inalterável. Apenas a substância que a forma oculta. Assim também a vida organizada dos humanos. Tu: a substância. Provavelmente.

Amantes

Escondem-se enrolados no corpo da árvore. Em volta, o sol não esclarece as sombras. Assim procuram a fuga. O esconderijo.

15.02.2006

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Mong Há





Mong Há

Alto da colina
um pássaro de vento
em silêncio, a cantar.










Árvore do Pagode
(Flora Microcarpa)

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Fevereiro

Depois de cortados, arrumava os ramos na aramagem e atava-os com fitas. Oiço as laminas da tesoura e vejo a escada de madeira apoiada na parede, o escadote. Duas tardes chegavam. Eu varria os pedaços caídos. Preparava-se o vinho, podando a vinha.
Serpentinas de várias cores, pistolas de água. Máscaras. Roupa velha, lenha queimada. Fogueiras. Bailes da juventude. O frio, o sol e a neve. A comida gorda, as orelhas de um porco antes das cinzas. A família à volta da mesa uma vez mais. O cheiro da terra. Carnaval e pirilampos. Rates, o senhor Rates, pequeno gorducho de manguitos, vendendo rabichas, estalidos, peidos-engarrafados que os malandros lançavam na sala de aula longe do olhar do contínuo, antes de tocar para dentro.